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Oficina 03

Tema: A morte e sua Intermitência: ressonâncias na sociedade
Objetivo: Refletir sobre a vida e a morte a partir da obra literária de José Saramago, as intermitências da morte.

Resumo da Oficina

Duração:
03 horas

Justificativa:

A obra “As intermitências da morte” de José Saramago, nos faz refletir a morte a partir da sua não existência, fazendo uso do sobrenatural para criar uma reflexão com o real. A obra contribui para nos fazer pensar a morte sob outra perspectiva, pela sua ausência. Uma das maiores questões é discutida no romance é de como ficaria a humanidade sem que as pessoas morressem. A arte então, e a literatura principalmente, torna-se uma ponte entre a vida e a morte. A literatura pode auxiliar o homem a refletir sobre o fim da existência, uma vez que o texto literário acaba servindo para atenuar o medo que tal certeza provoca. José Saramago nos fez ver alegoricamente que a morte está a nos acompanhar a todo o tempo e que somente confrontando-a, conhecendo-a, é que poderemos domar o nosso maior medo. Através dessa atividade os estudantes poderão complementar as discussões já realizadas na atividade 02 sobre imortalidade e perceber como isso interfere na sociedade como um todo.

Objetivos:

  • Refletir sobre a vida e a morte a partir da obra literária de José Saramago, as intermitências da morte.

Plano de ação:

  • Organizar a sala para que todos sentem em círculo no formato roda de conversa
  • Apresentar o resumo da obra de José Saramago, Intermitências da Morte.
  • Resumo: Depois de séculos sendo odiada pela humanidade, a morte resolve pendurar o chapéu e abandonar o ofício, as pessoas simplesmente param de morrer. O acontecimento incomum, que a princípio parece uma benção, logo expõe as intrincadas relações entre Igreja, Estado e a vida cotidiana e se revela um grave problema. Idosos e doentes agonizam em seus leitos sem poder “passar desta para melhor”. Os empresários do serviço funerário se vêem “brutalmente desprovidos da sua matéria-prima”. Hospitais e asilos geriátricos enfrentam uma superlotação crônica, que não para de aumentar. O negócio das companhias de seguros entra em crise. O primeiro-ministro não sabe o que fazer. O padre/pastor se desconsola, porque “sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja”. As pessoas começam a se habituar com a vida eterna. Um por um, ficam expostos os vínculos que ligam o Estado, as religiões e o cotidiano à mortalidade comum de todos os cidadãos. Mas, na sua intermitência, a morte pode a qualquer momento retomar os afazeres de sempre.

  • Após a leitura do resumo e apresentação do livro contextualizar o seguinte cenário:
    “Imaginem que passamos a viver na cidade contextualizada no livro e que a morte a partir desse momento não matará mais ninguém, então, cada um de vocês assumirá o papel de uma pessoa residente desta cidade e estarão em uma reunião para refletirem sobre os problemas trazidos pela Morte para cada um de vocês (personagens), nessa reunião, devem discutir, como solucionar tais problemas, de forma que haja consenso e o bem comum para todos”.
  • Distribuir os personagens, com o apoio de crachás, que deverão ser assumidos pelos estudantes na atividade: sendo pelo menos um prefeito/a, um vereador/a, um pastor/a, um dono/a da funerária, um dono/a do hospital, um/a responsável pelo asilo, dono da seguradora. Os demais estudantes receberão o papel de imortais (demais pessoas da cidade)
  • Se houver necessidade, contextualizar, juntamente com os estudantes, os problemas que poderiam surgir, conforme exemplo a seguir:
  • Prefeito(a): A primeira coisa que vai acontecer quando ninguém mais morrer é que ocorrerá uma ampliação no pagamento de aposentadorias, logo, não terá recursos suficientes. Além disso, aumentará as despesas com saúde, com educação, com lazer, com esporte, pois a cidade terá uma superpopulação. Todos os outros setores/participantes vão cobrar do prefeito uma solução.

    Vereador(a): Está preocupado com a situação das despesas do município. Todos os moradores o procuram para resolver os problemas. O vereador precisa cobrar o prefeito de ações para resolver todas as demandas da população em relação a saúde, educação, lazer, esporte, tendo em vista que a cidade terá cada vez mais moradores. Ele também precisa ajudar com as demandas dos empresários, porque são eles que geram os impostos para custear todas essas despesas da prefeitura

    Pastor(a) ou Padre: Sem morte as pessoas começam a parar de procurar a igreja. Elas vão precisar de uma igreja se não tem pós-morte? Se não existe morte as pessoas não precisarão de salvação, não existe mais o medo de ir para o céu ou inferno. O pastor ou padre começa a se preocupar porque se ele não tem fiéis na igreja as pessoas também não pagam mais o dízimo e não fazem mais ofertas e com isso a igreja acaba por não ter condições de se manter.

    Funerária. Sem morte não tem enterros. Sem enterros não existe a venda de caixão. Logo, a funerária irá falir e terá que demitir todos os funcionários que ficarão desempregados.

    Hospital: Sem morte as pessoas não procuram mais o hospital. Mesmo doentes elas sabem que não irão morrer. Então, elas acreditam que podem se cuidar em casa pois não existe risco de morte. Existem também aquelas pessoas acamadas que precisam ficar hospitalizadas, não podem receber alta pois são doenças incuráveis, mas também não morrerão, causando uma lotação permanente no hospital. O dono do hospital quer resolver essa situação e voltar a normalidade.

    Asilo: O asilo sofre com a evacuação de seus hospedes, se as pessoas não morrerão, elas começam a viver sem se preocupar. Então, elas não querem mais os cuidados que o asilo tem para oferecer.

    Seguradora. A seguradora possui inúmeros contratos de seguro de vida, entretanto, as pessoas começam a cancelar os seguros e a seguradora terá dificuldades para continuar com as atividades.

    Imortais: Nesse grupo temos estudantes, trabalhadores, donas de casa, que são as pessoas imortais, algumas delas estão muito felizes pois viviam com medo da morte, logo, não querem que a morte volte. Outras, entretanto, sofrem com o caos que a cidade se transformou, alguns desempregados, outros com pais idosos internados no hospital, no asilo, entre outras situações.

  • Após organização da atividade e os estudantes, compreendendo seu papel, deverão simular que residem nesse local em que a morte resolveu abandonar seu ofício e discutirem soluções que minimize os problemas de todos os envolvidos.
  • Após encerradas as discussões, os estudantes deverão socializar o que compreenderam do processo e o que a situação proporcionou de reflexões sobre a morte.
  • A pesquisadora não irá interferir nas discussões, mas irá mediar o processo para que ocorra com urbanidade.

Recursos:

Crachás com personagens para cada estudante, Livro Intermitências da morte de José Saramago, Flipchart para registros (se necessário), papel sulfite e caneta para anotações, gravador, computador, projetor multimídia.

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